7 de jan. de 2010

Terrorismo climático


Entrevista com o professor Luiz Carlos Baldicero Molion, formado em Física pela USP, com doutorado em Meteorologia pela Universidade de Wisconsin (EUA) e pós-doutorado na Inglaterra. Ex-diretor e pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), o Prof. Molion leciona atualmente na Universidade Federal de Alagoas (UFAL), em Maceió, onde também dirige o Instituto de Ciências Atmosféricas (ICAT).


 O Sr. concorda com as conclusões propagadas pelo IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas), de um aquecimento global causado pela ação humana?


Prof. Molion: O IPCC (órgão vinculado à ONU) não comprova que o aquecimento global seja produzido pelo homem. Nos estudos já realizados sobre a variabilidade do clima, o aquecimento global se encontra dentro dos limites da variabilidade natural. É impossível, com o conhecimento atual sobre o clima, identificar e comprovar o possível aquecimento antropogênico.


Como o Sr. avalia a cobertura da imprensa brasileira e internacional em relação às alardeadas mudanças climáticas e outras questões ambientais com as quais a sociedade moderna se depara?

Prof. Molion: Infelizmente, a imprensa nacional e estrangeira dá ênfase exagerada ao aquecimento antropogênico do clima. Em particular a nossa mídia, televisionada e escrita, apenas repete o que vem de fora, sem fazer críticas. Talvez isso ocorra por falta de conhecimento e desinteresse dos jornalistas pelo tema, ou por interesses dos controladores desses veículos de comunicação.

A mídia vem anestesiando, impondo aos cidadãos comuns o que se convencionou chamar de “lavagem cerebral”, ficando a impressão de que o homem é responsável pela mudança do clima –– o seu grande vilão. Como veículo de informação, a mídia deveria ser neutra, ouvir opiniões contrárias e tentar apenas relatar o conhecimento científico comprovado e suas limitações. 

O que pode ser feito para o meio ambiente?

Prof. Molion: Usar os Mecanismos de Desenvolvimento Limpo (MDL): atividades humanas que reduzam a poluição (note: poluição, e não CO2!) do ar, das águas e dos solos, reflorestamento de áreas degradadas. São medidas sempre muito bem-vindas, e devem ser apoiadas. É importante não confundir conservação ambiental com mudanças climáticas. Aqueça ou esfrie, temos de conservar o ambiente. 

O homem não tem condições de mudar o clima global, mas grande capacidade de modificar/destruir seu ambiente local. A Terra se compõe de 71% de oceanos e 29% de continentes. A metade desses 29% é constituída de gelo (geleiras) e areia (desertos), enquanto 7 a 8% do restante encontram-se cobertos com florestas nativas e plantadas. O homem manipula, então, cerca de 7% da superfície global, não podendo portanto destruir o mundo. 

Os oceanos, juntamente com a atividade solar, são os principais controladores do clima global. Mas existem outros controladores externos, como aerossóis vulcânicos, e possivelmente raios cósmicos galácticos, que podem interferir na cobertura de nuvens. 

Em resumo, o clima da Terra não é resultante apenas do efeito estufa ou do CO2 e sua concentração. Ele é produto de tudo aquilo que ocorre no universo e interage com o nosso planeta. Como foi dito, a conservação ambiental independe de mudanças climáticas e é necessária para a sobrevivência da humanidade.

Currículo do Prof. Molion no Sistema Lattes:
http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.jsp?id=K4781589E7

Um comentário:

Anônimo disse...

ClaudiO², achei muito interessante o comparativo percentual que o Prof. Molion fez, nunca havia pensado nisso. Eu só diria que poderíamos acrescentar um percentual referente ao mar, visto que de vez em quando o vírus "Homem" faz uns estragos legais por lá, com testes atômicos e uns cargueiros petrolíferos com vazamento.