27 de mai. de 2010

Live365.com - o futuro do rádio, hoje

Por volta de 1990 eu era ouvinte ativo das Ondas Curtas, e comentei uma vez com os colegas dexistas: no futuro teremos um receptor global que irá nos permitir sintonizar qualquer emissora no planeta. Bem, minha modesta "profecia" se realizou: hoje já temos este "receptor". Não é bem uma caixa com componentes eletrônicos e um dial, mas uma rede global que nos permite acessar informações sem limitações. Com o aumento da velocidade e largura de banda na Internet, as rádios online se multiplicaram. Ao contrário das emissoras tradicionais, que apenas reproduzem seu conteúdo na web, essas rádios passaram aos poucos a oferecer opções mais específicas a um público cada vez mais ávido por segmentação.

Uma das "sobreviventes" da bolha da Internet de 2000, a Live365.com é hoje o portal musical mais diversificado da web. São mais de 5.000 emissoras de 150 países, transmitindo música e programação de áudio em mais de 260 gêneros. As emissoras e DJs individuais pagam taxas mensais que são proporcionais ao número de ouvintes simultâneos. Já os ouvintes têm acesso gratuito à maioria das rádios com inserções publicitárias; uma assinatura mensal elimina a publicidade e dá um leque ainda maior de opções ao ouvinte.

Os gêneros musicais são extremamente variados e segmentados. Há emissoras dedicadas exclusivamente a um artista em particular, como por exemplo a 247Bach, com uma programação inteiramente voltada à obra de Johann Sebastian Bach. Outras são dedicadas a eventos, como a FaerieRadio, que traz músicas de artistas do festival FaerieWorlds. Há também as talk radios, emissoras de notícias e opinião em várias línguas, e rádios que transmitem exclusivamente airchecks, ou seja, gravações da programação de rádios do passado; em 2010, qualquer um pode ouvir as últimas notícias e o som de maio de 1960.

As rádios altamente segmentadas são hoje muito importantes para a afirmação de identidades culturais de grupos e nacionalidades, um tanto perdidas com a massificação cultural que ocorreu até os anos 80 e 90.

Algumas emissoras Live365:

Dryad Radio: música celta, fantasia e folclore
Santana Radio: dedicada à música de Carlos Santana
Music Radios Airchecks: transmite gravações de rádios dos anos 60 e 70, como a WABC New York
Poker Radio Network: música e histórias sobre o poker.
Rádio Bossa Encantada: Bossa Nova e música brasileira direto da Pousada Encanto de Itapoã, Salvador.

20 de mai. de 2010

Comunicado

Comunico aos amigos e seguidores do blog que minha mãe, Helena Martins Malagrino, nos deixou nesta noite de quarta-feira, às 20:30.

Para ela, inicia-se um novo ciclo. Aqui, continuamos o nosso.

17 de mai. de 2010

Sintel, made with Blender

A Blender Foundation, uma organização sem fins lucrativos e que desenvolve o software 3d Blender, está produzindo Sintel, uma animação de 10 minutos. Apresentando um tema épico e visualmente impactante, o filme está sendo desenvolvido dentro do conceito Open Source, ou seja, seu conteúdo é não-comercial, inteiramente de domínio público.

Alguns dos melhores talentos que trabalham com o Blender foram convidados para desenvolver o projeto no próprio Blender Institute em Amsterdam, Holanda, com todas as despesas pagas.

O trailer da animação foi lançado há alguns dias, e é de tirar o fôlego...

(Comentário inserido em 22/09/2011: quase um ano e meio depois vi a animação completa, de 15 minutos. É excelente, sob todos os aspectos: técnica, produção, roteiro e realização. A equipe liderada por Ton Rosendaal está de parabéns.)

http://durian.blender.org/about/

12 de mai. de 2010

Novo blog: Celtic World

Convido os amigos a visitar meu novo blog, sobre cultura, música e história das nações celtas:

http://celticworld.wordpress.com

(em língua inglesa)

8 de mai. de 2010

Fleetwood Mac & Christie McVie, "You Make Lovin' Fun"

Em um cenário dominado pelo grandiloqüente Rock Progressivo e ainda com a lembrança dos últimos álbuns dos Beatles e dos shows de Woodstock, fazer música pop comercial em 1976 era quase que uma heresia. Mas o melhor do gênero foi produzido nesta época, e certamente a banda Fleetwood Mac foi seu destaque.

No auge de seu sucesso, o Fleetwood Mac reuniu-se na Califórnia em 1976 para a gravação do álbum Rumours. Na verdade as sessões de gravação eram grandes festas em pleno estúdio, regadas a bebidas e drogas. Desentendimentos constantes entre os membros, separações e brigas entre os casais (Lindsay Buckingham e Stevie Nicks; Christie e John McVie) e constantes baixas a hospitais graças a todos esses excessos faziam a alegria dos tablóides e da mídia especializada na época.

Outro grande sucesso do álbum Rumours foi Dreams, composta por Stevie Nicks. Segundo palavras de Christie McVie, o Fleetwood Mac "fez sua melhor música no pior de sua forma".

No vídeo, a canção de Christie McVie, You Make Lovin' Fun.

7 de mai. de 2010

Pilot, "Canada"


A banda escocesa Pilot teve sucessos bem comerciais no início dos anos 70, como Canada e Get Up and Go. A formação se desfez no final da década de 1970, e parte de seus integrantes formaram o conjunto de rock progressivo The Alan Parsons Project.

Canada foi tema de um comercial de TV da então Rádio Excelsior AM 780, "A Máquina do Som", em 1976. Era também um hit no programa musical TV2 Pop Show, da TV Cultura de S. Paulo.

6 de mai. de 2010

Ace, "How Long?"


Outra da série "O que aconteceu com a música pop?": a banda britânica Ace, com os vocais de Paul Carrack. How Long?, de 1974.

Qualquer semelhança com Steely Dan não é mera coincidência.

4 de mai. de 2010

Suzi Quatro, "48 Crash"

Não ouvia esta música completa desde 1974, e nunca me dei conta da energia contida na voz de Susan Kay Quatrocchio, a Suzi Quatro. O vídeo é incrivelmente atual; não fosse pelas camisetas regatas dos músicos, seria uma obra-prima retro do canal VH1...

Simples e clara evidência de que a música no século 21 acabou...

http://www.suziquatro.com



3 de mai. de 2010

Pequenas URLs, grandes idéias...

Com a febre das redes sociais e do Twitter, tornou-se comum a troca de experiências via web. Porém muitas vezes isso significa enviar uma longa cadeia de caracteres como link, o que pode ser complicado ou até mesmo bloqueado -- serviços como o Twitter limitam o campo de mensagens a 140 caracteres.

Para simplificar, apareceram os serviços de redução de URLs. Como o Tiny.cc:


Ao clicar na URL reduzida, o próprio serviço se encarrega de redirecionar sua conexão à URL original.
Por exemplo, a URL completa deste post é
http://grey-noise.blogspot.com/2010/05/pequenas-urls-grandes-ideias.html

No Tiny.cc, ela ficaria
http://tiny.cc/c4vrv

O site utiliza um conjunto de caracteres alfanumérico para gerar uma URL com 5 caracteres. O número total de combinações é de 45.239.040.

Celtic World

Os posts do site que se referiam à cultura celta foram movidos para o blog
http://celticworld.wordpress.com/

2 de mai. de 2010

Conspiração - Revista Internet.br (abril/1997)

Uma entrevista que o Fernando Vilela, editor da revista Internet.br, fez comigo por e-mail em 1997:

Byte-papo com Claudio Malagrino

    Internet.BR - Na Internet existem informações de todos os tipos, das mais sérias às mais revolucionárias ou absurdas. Quais são os pontos positivos e negativos dessa "democracia de informação"?

Claudio Malagrino - Os teóricos da Comunicação costumam dizer que se trata de uma visão do mundo pós-moderno. Não conhecemos a verdade final, mas suas (múltiplas) interpretações. O fato é que a Internet vem, aos poucos, fazendo com que deixe de existir o "formador de opinião", tão consagrado pela mídia tradicional. E isso é muito positivo. Uma idéia pode ser contestada imediatamente, que por sua vez pode gerar uma réplica, um "thread", um "flame"... :-) O telespectador passivo passa a ser usuário ativo na Internet. Isso gera uma massa crítica de idéias que é muito rica, muito mais do que uma coluna de um editorial ou um comentário "indignado" ao final de uma notícia. O problema todo reside no seguinte: se caiu um avião, isso é fato. Não há o que contestar. Talvez as causas do acidente sejam abertas à interpretação, mas o fato é que o avião caiu. A mídia tradicional não falha na descrição do "fato", isso é uma questão sagrada. Mas, na Internet, nada impede que se passe por cima do fato. Até que ponto podemos confiar em uma informação lida em um grupo de discussão do tipo sci.medicine, se qualquer pessoa pode ter acesso a ele e dizer o que quer? Na Internet, tudo passa a ter o mesmo peso: o noticiário da CNN e a discussão sobre "a invasão dos EUA por tropas inglesas e da Nova Ordem Mundial".


    .BR- Só o fato de uma pessoa conhecer as teorias conspiratórias já contribui, de certa forma, para que ela fique mais desconfiada e enxergue a "realidade" também por outros ângulos. Que perigos pode trazer, contudo, a disseminação dessas teorias conspiratórias na Internet? Que tipo de preocupação um internauta deve ter em relação a elas?

Claudio - As teorias conspiratórias estão crescendo em meio a uma verdadeira "indústria da paranóia" nos EUA. O sucesso da (excelente) série televisiva "Arquivo X" se deve totalmente a isso. O roteirista, Chris Carter, é uma pessoa altamente sintonizada com esse espírito e bebe sua inspiração na fonte da Internet. A base de "Arquivo'X" é o trabalho do maior Bill Cooper, que escreveu "The UFO Conspiracy", um longo relato sobre um acordo secreto feito entre os governos dos EUA e da antiga URSS com os alienigenas, na infame década de 50.

Embora disseminada por grupos de tendências muitas vezes fundamentalistas, as teorias conspiratórias não se constituem necessariamente um perigo. Pelo contrário, apontam em direção a uma reflexão sobre o mundo em que estamos vivendo, de uma maneira mais ampla. O problema é que estas teorias normalmente não possuem base comprobatória e muitas vezes se auto-justificam, formando o que se pode dizer "um corpo fechado". O que quer dizer isto? Simples: Esta é minha teoria. Não existem provas. Elas foram destruídas. As provas eram conclusivas. Ponto final.

Um espaço muito sério de reflexão é o organizado por James Daugherty, do A-albionic Project (http://a-albionic.com). Uma série de temas são apresentados, e há, inclusive, uma lista de discussão, onde podem ser encontradas desde mensagens sobre temas relativos à democracia até "avisos" de invasões e exércitos na esquina.

O internauta iniciante deve procurar se municiar de um senso crítico muito grande, procurando filtrar estas informações, e refletir sobre o seu contexto e significado. É negativo aceitar estas idéias totalmente e negá-las também. Afinal, onde está a verdade, não? :-)


    .BR- O que mais o fascina na Internet?

Claudio - Tudo isso, toda essa riqueza de informação disponível de uma maneira muito fácil. Basta acessar seu mecanismo de busca e pronto: uma lista de locais a visitar. Páginas feitas por grandes corporações, impérios de mídia, e também por pequenos grupos ou pessoas, que podem expor suas idéias ou oferecer seus serviços em escala global, sem nenhuma censura. Isto é muito fascinante.


    .BR- É verdade que os seres extraterrestres vivem ocultos por aqui? :-)

Claudio - Se eles estão por aqui, não sei, mas a verdade é que eles não devem estar no comando, senão não teríamos tantos problemas de acesso à Internet. Civilizações extraterrestres que acessassem a Internet certamente teriam um painel de informações sobre nossa cultura muito mais amplo do que através da TV, por exemplo. Se bem que seria um painel predominantemente ocidental, branco e de língua inglesa. Mas, de qualquer maneira, bem amplo.


    .BR- Que navegação recomenda aos nossos leitores?

Claudio - Não apenas Web, mas Gopher e Usenet. Estes serviços não-gráficos contêm muita informação ainda e vão acabar sendo desativados por falta de utilização. Outra pedida é assinar listas de discussão de temas de seu interesse, nunca se esquecendo de que uma lista boa é uma que tem sempre uma boa discussão. No Web, gosto muito de visitar o site do Discovery Channel (www.discovery.com), e sites ligados a design e computação gráfica. E, é claro, recomendo a todos On-Line Magazine.